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quarta-feira, março 31, 2004

Reforma. 

Hoje foi o último dia de trabalho do meu pai. Reformou-se e fomos jantar para comemorar. Tendo a contrariar esta comemoração, tentando perceber o trabalho mais como uma dádiva do que como uma obrigação. E para equilibrar o lirismo vigente neste post devo dizer que acredito piamente que é à volta de uma pata negra que se festejam as datas importantes e que nas loiças lá de casa haverá sempre um "Nesta casa mora um bom chefe de família!"

Análise e Avaliação de Obrigações 

O que tem que ser tem uma força brutal. Chega mesmo a atingir os limites do irrazoável.

Deusa do Blog II. 

Vinha na 2ª circular e lembrei-me:
O Paulo é um maradona do metal!

Espreguiço-me e aguento-me. 

São bons os dias em que os lençóis de flanela acompanham o pensar de um dia. Estranho é quando pensamos no que fizemos ao longo desse dia, tudo não passa senão por coisas que têm que ser feitas, muitas das quais sem tempo para se colocar em causa a oportunidade de fazê-las ou não. Chego a casa, atiro a gravata para cima do piano e penso: Mas será que a loucura tem lugar na vida de quem trabalha de manhã à noite? Não há nada a fazer. Se não for a cosmovisão alicerçada e o conformismo equilibrado, sou mais um no deserto durante 40 anos.

terça-feira, março 30, 2004

Dr. Mário Soares, evidentemente em desespero de causa. 

"O mundo, seja qual for o continente para que nos viremos, está a mergulhar
numa crise profundíssima. Crise de valores e de moralidade. O choque de
civilizações - e de religiões, e entre estas, dignas de todo o respeito, e
seitas fanatizadas, extremistas, como os evangélicos, "cruzados do
apocalipse", como lhe chamam, a que Bush pertence -, choque anunciado num
livro do mesmo nome (..) parece increver-se como futuro provável e
terrivelmente perigoso" .


Tempos houve em que a incontinência verbal era castigada e punida. Hoje felizmente isso não acontece e todo temos a oportunidade de assistir a palhaçadas em directo. Quando se confunde dinheiro com religião, quando se confunde terrorismo com religião, quando se confunde democracia com religião, o resultado só pode ser este!

Deusa do Blog! 

Se há coisa que gosto no blogue do Paulo é a despreocupação mordaz com que olha para o mesmo. Não tenho muitos problemas com a questão dos diferentes papéis sociais que as pessoas devam ter e o que isso implique na sua privacidade ou publicidade. Mas uma coisa é certa: panques destes, nem no Centro Comercial Portugália.

Dedicatória mortal! 

E já que o blogue tem o mérito de colocar amizades em dia: Raquel, Parabéns!

segunda-feira, março 29, 2004

Esta é a escrita mais inteligente da blogosfera! 

Troca
(ou a arte de olhar)

A verdade simples em lugar do orgulho. A entrega liberta do sentir em lugar do restrito domínio. A coragem de fazer do outro fiel depositário de parte essencial de si mesmo.


Exames, trabalho e honestidade. 

A sensação que tenho às portas de uma época de exames, onde o tempo é pouco pelo trabalho profissional que me consome, é de angústia, ansiedade, arrepios, preocupação mental permanente, secura nos lábios, olheiras bem marcadas, rugas em potencial, postura encurvada, olhar distraído, inseguro... e um enorme desejo de ser um miúdo feliz.

sábado, março 27, 2004

Lang Lang 

Ver este jovem de 21 anos a tocar Rachmaninoff foi dos maiores prazeres clássicos que tive nos últimos dias.

Pianíssimo!
Bravíssimo!
Prestíssimo!



Hpos 

Ontem à noite reuni-me com 6 rapazolas (entre os quais o Tiago, o João e o Tiago Branco) para relembrar e comemorar os tempos idos de uma banda que nos concretizava no sonho de dar concertos. Na altura, pelo menos para mim que era o mais novo, não passava disto. A arte de criar, a entrega sem contrapartidas, o refúgio paradisíaco e terapeutico que a música hoje me proporciona não existia. Dois pólos marcados por um desfasamento etário se distinguiam: um mais gozão e infantil, e outro que se levava mais a sério, mais entregue à consciência dos propósitos. Engraçado como, volvidos 8 anos, na essência dos comportamentos que nos caracterizavam pouco mudou. A brincadeira desmesurada, a comoção com o passado e a satisfação de estarmos juntos mantêm-se. Dos tempos em que demos concertos com a Sara Tavares aos actuais ficou um sonho por concretizar partilhado numa entrevista na altura: Wimbledon (eram estas gaffes que nos preenchiam, que nos faziam felizes. Ainda hoje fazem!)

quinta-feira, março 25, 2004

Inter de Milão 4 Vs Benfica 3 

O nervoso arrasa-me as costas, não valia a pena tanto sofrimento para um resultado tão injusto, tendo em linha de conta os dois jogos efectuados. O que me fica desta eliminatória é que é a defender que se controem as equipas, de trás para a frente. Na Luz, foi a coesão defensiva que permitiu o empate. Em San Siro, foi a permissividade da defesa do Benfica a 45 minutos melhorzinhos do Inter que conduziram à derrota. Na 1ª parte, o 0-2 teria que existir perante a diferença das prestações das duas equipas e, quando assim não é (principalmente contra equipas italianas que a defender são exemplares), o risco eleva-se. Os golos do Benfica que surgiram no 2º tempo foram esporádicos, não por controlo e futebol bem jogado. Essa é a impressão que me fica. Acima de tudo, o que me custa ainda mais, era ter o pensamento já estruturado para o jogo com o Marselha, mas quanto a isto...pouco há a fazer. É o mal de se ser um benfiquista ferrenho: a Taça de Portugal é nossa!

Inter de Milão Vs Benfica 

É quase patológico e certamente infantil o nervoso miudinho que me acompanha instantes antes dos jogos importantes do Benfica.

quarta-feira, março 24, 2004

Fora do Mundo. 

Estes senhores vão e vêm, mudam de templates, de temáticas, enfim...dominam esta arte dos blogs. Fora do mundo, é onde vou estar.

A falácia das propinas. 

Sempre que as manifestações de universitários se prendem com as propinas relembro-me do sem-abrigo-quase-morto (onde a vida se baseava no apoio de uma moleta) cujo trabalho era recolher umas moedinhas nos comboios da linha de Sintra e que apanhei a descer o Camões numa correria desenfreada com a vida às costas (entenda-se, moleta) para chegar a horas ao trabalho.

Manifestação de estudantes. 

Nos primeiros anos de faculdade participei em algumas manifestações estudantis em luta e desafio por aquilo que as utopias de adolescente me faziam acreditar. A idade arrefeceu-me os ânimos. Hoje, percebo que o mal dos estudantes é terem tanto tempo livre.

terça-feira, março 23, 2004

Notícia do dia! II 

Regressou o Sami! Só me ocorre a expressão de um tal de Kirk nos tempos idos do Dead John: "Hey Ralphie...yessssss!!"

Notícia do dia! 

18 de Julho, Vilar de Mouros!



"Good evening Ladies and Gentlemen! Would you please welcome Columbia Recording Artist Bob Dylan!"

segunda-feira, março 22, 2004

Para o Ismael Couto! 

Antes do jogo do Desportivo de Queijas de Sábado à tarde, disse à nossa estreia a guarda-redes em jogo oficiais (o açoreano Ismael Couto) que escreveria um post independentemente do resultado. Dizia-me ele: "Isto, hoje levamos uns 7 ou 8..." A vitória por 3-2 é a ele dedicada! Sou daqueles que vivem a causa com nervosismo antes dos jogos, que coloco a braçadeira como se do campeonato do mundo se tratasse, que me empenho na luta, no esfolanço e nas lesões como se ganhasse alguma coisa. É sonho de miúdo e, quanto a isso, pouco há a fazer. Vincent e Cosme, não exagerem no recital do Nº10 porque trabalhámos todos em prol da equipa (e agora só faltava falar sobre mim na 3ª pessoa do singular) e, para além disso...joguei os últimos dois jogos com a camisola Nº4.

Decisão. 

Nos momentos de quietude e observância distante do que nos rodeia, é preferível a tacada à indecisão.



Irritado ou Louco. 

Já tinha saudades deste jovem rapazola! Para o Mário Seco, as minhas boas-vindas!

sábado, março 20, 2004

Discordo. 

Se as tropas espanholas saem do Iraque, perderá muito mais a Espanha (que representa apenas 1% das forças presentes) com a assumpção de que o medo (não a cobardia) resolverá o problema do terrorismo. Esta aberto o caminho para a principal força motriz das oposições dos países europeus: Al Qaeda!

quinta-feira, março 18, 2004

Conselhos de boa gente! 

Segui o conselho da Ju e fui direitinho ao images.google. Cliquei "Ju e lia". Apareceram-me umas quantas moças brasileiras (deduzo eu que nenhuma daquelas sejam elas). Depois, num rasgo narcísico transitório cliquei "Guel".

Este é um conselho de amigo! (ou não fosse eu o nº10 do mítico Desportivo de Queijas)

(risos, muitos risos!)

quarta-feira, março 17, 2004

gosto. 



"For verses are not as people imagine,
simply feelings...they are experiences.
For the sake of a single verse, one must see
many cities, men and things, one must know
the animals, one must feel how the birds fly
and know the gesture with which little
flowers open in the morning."

-Rainer Maria Rilke

Amigos da gasolineira 

Só ponho gasolina no meu carro quando a luzinha amarela em forma de bomba se mostra. Atesto sempre para não me chatear mais com aquilo durante umas semanas. Ultimamente tenho ido à bomba em Queluz, cujo empregado vibra muito com os depósitos e quantidades que têm de capacidade, etc. Nas últimas 4 vezes que enchi o depósito lá fui eu à oficina do Xarepe:
ele:"Nunca imaginei que levasse tanto..."
eu:"Pois. percebo."
ele:"Mas que espectáculo. Que grande depósito, esse."
eu:"é, sim."
Hoje, num ritmo mais entusiasta:
ele:"57 litros...bolasssss, mas que grande depósito!!"
eu:"É verdade. Bem grande."
ele:"Nunca imaginei que levasse tanto..."
eu:"Pois, percebo."

Ficámos amigos. Nunca imaginei...pois, percebo.

Esta é a minha expectativa - "Paixão de Cristo" 

A violência como antítese da bondade, graça e amor exclusivo (só nosso) da pessoa de Jesus, fazem-me discutir a "Paixão de Cristo" com uma vivacidade brutal ainda sem ter visto o filme. Irrita-me esta minha postura descontroladamente infantil. A Bíblia é um dos livros mais violentos que já li, onde á exigência (esta sim, mutuamente exclusiva) da vida, da negação de mim próprio por Ele, é atribuída uma carga decisória para que quem tenha ouvidos ouça. Se o sangue irrita porque existe, se se quer é celebração-palminhas-e-troféus, se a prosperidade e a carreira são o móbil da fé, se a Cruz não for mais que uma palavra a seguir ao ponto onde em quadros se colocam versículos bíblicos, então, vale a pena ver o filme 2ª vez. Nestas coisas comuns, refugio-me em Rilke que as considera "fantasias juvenis que transportam Deus para o quotidiano das pessoas."

domingo, março 14, 2004

No trânsito. 

ela: "M., eles foram por ali..."
eu: "Nós vamos por aqui. Somos alternativos. Aliás, tu és alternativa e eu sou um gajo conservador."
ela: "Conservador? És és...olha-me só pra essa postura a conduzir..."
eu: "postura...?"
ela: "Sim sim! Essa postura a conduzir à Tom Waits."

sexta-feira, março 12, 2004

Madrid. 

A habituação aos acontecimentos de terror que por esse mundo fora proliferam causa-me revolta pelo sofrimento não partilhado. Tudo nos (me) passa ao lado, entretidos que estamos com as vidas, projectos, manifestos e as fábulas profissionais. Quando a distância desses factos é encurtada, o medo ou a impotência de uma suposta defesa impenetrável torna-nos vulneráveis e lá voltamos novamente às questões da vida, do ápice em que tudo desaparece, do Fehér e sei lá mais o quê. Gostamos do entretenimento; temos coisas para conversar, para repudiar, para Bushiar. Que poderemos nós fazer? Nada! Rigorosamente nada! E lá se vai este lirismo asceta por água abaixo. Então, que nos sintamos entretidos por estas coisas, que temos a vida toda do nosso lado.

PS: A ironia ficou em casa a preparar o almoço.

quinta-feira, março 11, 2004

A inspiração que me faz suar! 

A compra do dia, há muito adiada...



"O meu maior desgosto, é um desgosto em relação ao fado, foi gravar discos, os discos vieram industrializar o fado, o fado não se deve vender, eu canto porque a minha alma o ordena, canto como se rezasse. Não gosto de cantar para máquinas. Quero ver o público, analisar as suas reacções, ver se estão a gostar".
Alfredo Marceneiro

quarta-feira, março 10, 2004

Mea culpa. 

Faz sentido estar pelas equipas portuguesas na competições europeias. Consigo separar as águas e perceber que racionalmente era esta a posição que deveria ocupar enquanto vejo o jogo. Mas...não consigo. É estranho, quase que dominado por uma força que me prende, desembaraço-me em argumentos para que aquilo que é óbvio não seja assumido. Esta vitória sobre o Manchester mete-me medo. Principalmente porque, como bom benfiquista que sou, a derrota com o Inter custaria menos se o Porto perdesse também. É inevitável. Não o consigo controlar e sei que é um sinal de fraqueza. Contudo, quinta-feira lá estarei na Luz a celebrar a vitória por 2-0. Esta é a frase que me faz ir bem disposto para a cama nesta noite. Um dia tentarei explicar o porquê de não fazer aquilo que quero e fazer aquilo que não quero neste âmbito futebolístico.

segunda-feira, março 08, 2004

A Graça. 

Como é que todas estas frescas recordações brotam uma vez mais e correm pela minha alma impura sem se conspurcarem? Que virtude possui este cheiro matinal a lilás para cobrir tantos cheiros fétidos sem neles se perder ou enfraquecer? Hélas!

Marcel Proust

Há dias que começam bem! 


sexta-feira, março 05, 2004

Tá na hora de regressar, homem! 

Sinto fortes saudades de orientar a minha disposição rotineira do dia-a-dia com os posts do Fora-da-Lei!

Miss Blanche DuBois. 

Esta é uma senhora de estados, de estatutos, de luz. O caminho do mundo das sensações é procurado com esperança, com medo, mas sempre (ou de uma forma optimista, na maioria das vezes) com uma cegueira que nos impele a um egoísmo pobre e patológico. Miss DuBois é apaixonada pela magia, pela poesia, pela paixão, pelo eléctrico do desejo. Impressionante é perceber que é na brutalidade e pragmatismo rural que, provavelmente, estará a sabedoria que desmascara as intenções menos razoáveis. Ora, ninguém gosta de ser apelidado de básico. Apelamos constantamente à riqueza das expressões, das associações de ideias, da complexidade filosófico-literária dos momentos transitórios. Eu cá, prefiro ser como o pragmático Marlon Brando!

quarta-feira, março 03, 2004

maradona! 

A esta magnífica foto só há uma coisa a dizer: o maradona foi, sem dúvida alguma e na minha opinião, o melhor jogador de todos os tempos. Porquê? Perguntem-lhe!

terça-feira, março 02, 2004

A estética vivida. 

As etapas faseadas da vida são, com frequência, percebidas como axiomas no modo como as coisas funcionam. O conformismo é, quanto a mim, uma virtude que poetas, líricos e satíricos pouco investigam. O sonho (e aqui nada poético! antes, com muita intensidade dos prazeres de miúdo real) é olhado de soslaio com pose tísica, cheio de suores febris. O casamento depois do curso, o trabalho depois do curso, a profissão depois do curso, o carro depois do curso, o condomínio fechado depois do curso, e a empregada a rondar os 28 depois do curso são etapas e brilharetes legalistas sob pena de descarrilarmos do percurso paternal ideal. Felizmente as ambições, os conformismo e os sonhos diferem na especificidade de cada corte de cabelo, de cada hálito mais lixado, de cada cosmovisão mais ou menos exigente. Daqui não se fazem nem nunca se farão regras. Antes, procurar-se-á o sonho nada Raskolnikoviano e substancialmente mais Razumikiniano.

segunda-feira, março 01, 2004

Beijo. 

Onde o movimento é longínquo
sobram duas estátuas.




Posição. 

UMA PESSOA QUE COME CARNE

Uma pessoa que come carne
quer afinfar os dentes nalguma coisa
Uma pessoa que não come carne
quer afinfar os dentes noutra coisa qualquer
Se estas reflexões te interessam por um momento sequer
estás perdido.
Leonard Cohen

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