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segunda-feira, novembro 28, 2005

Oito de Dezembro. 

Chego a casa do trabalho ansioso que o meu filho acorde. Quero que o tempo passe rápido. Quero forçar a javardice com as primeiras papas. É a minha oportunidade de tornar real um desejo antigo de concretizar uma guerra de comida. Ele já tem 3 meses e meio, aguenta-se bem. Mano-a-mano.

Amor. 

A minha mulher envolve-me em comentários dilacerantes com fotografias antigas, onde me executa face à minha fraca figura. Exclama, com agrado, que ao contrário da maioria dos homens, tenho ganho beleza com o passar do tempo. Diz-me à boca cheia: «eras mesmo feio». Eu rio-me, com segurança. Aos oitenta, executo-a.

sexta-feira, novembro 25, 2005

O medo é o grande adversário do primeiro embate. 

Hoje assaltaram-me o carro. O post podia ficar por aqui, demonstrando eloquência, não fosse o facto de ainda estar meio desorientado com o sucedido. Um portátil à vida e 10 - Dez - CD´s a esta hora à venda na Feira da Ladra. Felizmente, a profissão ultimamente não requeria muito o uso da máquina, pelo que a informação estava assegurada. Mas... que raio, são 1.300€!!! As prendas deste ano estão entregues. Quando me aproximei do carro, deparei-me com sujidade. Tudo espalhado no chão, fraldas do Tomás nos bancos de trás, recaídos, tristes, molestados. A medo, em biquinhos de pés, ia olhando para a eventualidade de algum vidro partido. Nada. Nadinha. Consternado, circulava o carro para estruturar ideias. Nada. Nadinha. A fechadura, essa sim, forçada e quebrada com uma granda pinta, sem mácula. Tinha de sair dos subúrbios e vir para o centro de Lisboa para um primeiro assalto... nada como estar no meio da canalha, digo-vos. O que me incomodava ainda mais era o facto de ter uns fihjfqljehwrkljkwhefljk quaisquer ali, a mexer nas minhas coisas.. ai... o interior de um carro faz parte da intimidade de um homem, caramba! E os meus cd´s... Dylan, Tom Waits, Fun Lovin Criminals, Astor Piazzolla, Black Crows... até o d´Os Ninivitas - o meu agrupamento - levaram. Deixaram um: Divine Comedy - Absent Friends. Um rebuçadinho para o lesado? Provavelmente. Sacristas. Ainda desorientado, subi as escadas e fui a casa onde o pequeno já comia e a minha voz tremia. Só acalmei quando o rapazola de 3 meses olhou para mim, tentado simultaneamente equilibrar a cabeça, e sorriu. Viva o desapego às coisas! Venham mais filhos!





PS: Já passaram 24 horas sobre o sucedido. Fui confortado e estou capaz de prosseguir a vida. Obrigado.

sábado, novembro 19, 2005

Faz hoje um ano e eu estava lá! Tom Waits: November 19, 2004: Koninklijk Theater Carré. Amsterdam 












sexta-feira, novembro 18, 2005

O que eu queria mesmo ser, era um gajo arriscado. 


O que eu realmente queria ser, era uma estrela do roque-enrole. 


O que eu queria ser, era um futebolista literato. 


quinta-feira, novembro 17, 2005

O meu objecto enlouquecedor de consciência 



Leonard Cohen

"Look at me, Leonard." 

A única operação à qual me deixaria sujeitar era a de destruir as minhas cordas vocais, como se do dó central para cima tudo fosse para ser despachado pelos meninos de Saint Denis. Esforço-me por enrouquecer a voz quando gravo um CD, mas nunca chego onde quero. Não me passa pela cabeça o que poderia acontecer se, ao acordar, me virasse para a minha mulher e com uma voz coheniana lhe dissesse «olha para mim».

terça-feira, novembro 15, 2005

Eleições. 

A grande questão com que me debato nestes últimos tempos é se vou conseguir suster o meu ímpeto eleitoral e respeitar, honestamente, o meu humor. Votar no José Maria Martins não é uma questão de responsabilidade. Antes, uma questão de idiossincrasia humorística. Leia-se: « disposição do temperamento de um indivíduo para sentir, de um modo especial e privativo dele, a influência de diversos agentes; reacção individual particular, perante um agente terapêutico.» Continuo na minha. Cada vez que o senhor diz «o meu cliente», estremeço por todos os lados.

Refúgio bíblico. 

No trabalho, um senhor apelida-me de «falinhas mansas». Rio-me e digo-lhe que sou é longânime. Ele sorriu, diminuindo a intensidade do diálogo. A conversa ficou por ali.

sexta-feira, novembro 11, 2005

A carne, quer-se viva. 

"A sua carne... a sua carne...
Ah! Que visão fantástica...
Que glória!
A sua carne mordorada onde crepitam chamas...
A sua carne de embriaguez rósea
A sua carne de amor...
A sua carne de angústia..."

Mário de Sá-Carneiro


É chegada a altura de dizer isto. 

Aos 12 anos de idade lembro-me de ter uma conversa em família, com a minha mãe e irmã do meio, dizendo que queria ser jogador de futebol. A minha irmã, lembro-me, queria ser surfista. Irmã minha, se me lês, escuta a minha honestidade: Obrigado por tão belo momento!

quarta-feira, novembro 09, 2005

Elogio. 

Nem a Joana Amaral Dias, enquanto ser que simplesmente existe, me convence a votar no Mário Soares.

Níveis. 

Ao fim de uns meses à roda com um bébé acelerado, consegui ir ao cinema. Alice. Gostei. Que a paternidade muda as pessoas já toda a gente sabe. Que se sai angustiado do cinema quando ainda tudo é fresco, só alguns saberão. Nem me arrisco a ver o Quarto do Filho.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Benção de Deus. 

No Domingo, o Tomás foi apresentado à igreja - Igreja Baptista de Queluz - algo que não reclama, para si, sacramentos e decisões espirituais mas, antes, presta-se a participações especiais de música e poesia, e uma oração de elevada comunhão. Como bom protestante que sou e que encarnou algumas das boas práticas da tradição anglo-saxónica, aprumei-o bem para o dito acto. Vestimenta cuidada, de acordo com o gosto do pai. Pouco poderia fazer, o pequeno. Resta-lhe a sorte de, mais tarde, poder vir a dizer que aos 2 meses e meio já envergava uma t-shirt dos Ramones, enquanto o pastor orava por ele. A benção de Deus é necessária e tem estilo.

Eram umas 11:12 da manhã. 

Sábado passado, findo um jogo bem puxado, o cansaço impeliu a partilha das tarefas domésticas que viriam nesse dia, outrora bem-vindo. Era vê-los abraçados à comprensão por não serem os únicos a terem que cumprir a higiene da casa. «Modernidade feminina?», questionavam-se; os tempos são outros. A filosofia à frente do desejo.

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